A sociedade tem se movimentado em prol de ações sustentáveis e isso também engloba as empresas que estão sendo desafiadas a agir para o bem do meio ambiente, do social e das questões de governança. A agenda ESG tem tomado espaço e sendo discutida com mais frequência, em especial no mercado financeiro por estarem relacionadas diretamente com os investimentos. O impacto das práticas tem mudado o pensamento e estrutura das instituições e a pandemia da Covid-19 ajudou a ampliar a pauta e destacar a tríade.
Atualmente, se sabe que 35 trilhões de dólares são geridos por fundos que investem apenas em empresas que pensam na sustentabilidade, segundo a Global Sustainable Investment Alliance (GSIA).
A ONG B Lab, encarregada de realizar as certificações de instituições do tipo B, publica todos os anos um ranking com as empresas mais bem avaliadas de acordo com alguns requisitos, são eles: clientes, governança, meio ambiente, comunidade e trabalhadores. Ficou destacado em 2021 que 39 instituições participaram desse ranking, o “Best For The World”, e algumas delas tiveram avaliação positiva pelo desempenho do tópico “colaborador”, através do estudo dos salários e responsabilidades.
A sigla “S”
Além da questão sustentável, que costuma ser o foco quando falamos em ESG, a parte social tem ganhado mais olhares por parte de investidores, em especial após a pandemia. Quando falamos sobre o Social relacionamos também as questões internas das empresas e sobre os seus colaboradores. Tópicos como direitos humanos, diversidade, e segurança no trabalho fazem parte dessa sigla e os investidores, conhecendo tudo isso, procuram sempre investigar as empresas antes de realizar alguma ação, em especial sobre as questões trabalhistas.
Percebe-se que no país existe um pensamento voltado para a produtividade o que afeta negativamente a parte social de algumas instituições e contribui para a criação de uma cultura de litígio. Algumas vezes os colaboradores são levados a encontrar outras fontes de renda ao realizar o ajuizamento de ações trabalhistas e as empresas do outro lado precisam se defender na Justiça com a ajuda dos escritórios de advocacia, sem ter certeza do desfecho. Geralmente, os departamentos jurídicos acabam aceitando o risco sem pensar a fundo na liderança. Dessa forma, o espaço de litígio é estimulado levando as instituições a se separarem das questões sociais.
Ainda assim, é possível notar uma movimentação do setor jurídico para melhorar essa realidade, com a aplicação de ações disruptivas e tecnológicas na administração dos negócios. Um exemplo é o Legal Operations que chega para deixar os processos mais eficientes e junta a área jurídica com outras. Outro exemplo são os prestadores de serviços jurídicos alternativos, que ajudam a modernizar o pensamento jurídico ao procurar por alternativas com mais inovação, almejando aperfeiçoar os processos e focar na competência do setor.
Pensar de forma antecipada facilita no entendimento de que a área legal das instituições são relevantes para o crescimento delas, atuando assim com a agenda ESG, uma vez que, pensar nas dificuldades trabalhistas e legais e na reputação da empresa fazem com que haja o alinhamento com a cultura sustentável ajudando a construir um local bom e saudável para os presentes, melhorando também a produtividade.
Alguns outros pontos importantes que ajudam no protagonismo do jurídico são: incluir tecnologia na área, inclui uma cultura de data driven, reduzir o crescimento de litígio e fazer a ligação desta com outras áreas. É possível concluir, portanto, que a função exercida pelo jurídico é importante para a tríade ESG e se preocupar com esse ponto pode garantir uma preocupação e conscientização maior das instituições sobre o que acontece internamente. A parte “Social” tem relação com a parte jurídica e oferece uma reputação positiva para a empresa, se organizada estrategicamente.
Fonte: Valor Econômico