Para comprovar que os gestores estão seguindo as promessas em relação a ESG, os investidores de fundos têm pedido por mais provas. De acordo com Peter Reali, diretor de investimento responsável e engajamento da Nuveen, “há muita pressão sobre os gerentes de investimento para demonstrar o valor que estão obtendo de seu trabalho de gestão”, revela Reali que cuida de cerca de US$ 1,3 trilhão em ativos.
Em relação ao empenho do setor para diminuir as emissões do portfólio, Reali completa que os especialistas em investimento ESG “definitivamente ouvem reclamações e preocupações”.
Críticas para os investimentos sociais, ambientais e de governança aparecem com frequência de diversos lados. A rejeição aos chefes de fundos vem principalmente de especialistas em ESG. Há também o alerta para um crescimento de escrutínio.
Os clientes possuem dúvidas sobre tópicos como votos em assembleias de acionistas e querem provas que o abarcamento das práticas ESG estão “fazendo com que as empresas se mexam“, de acordo com Reali. Ainda que a maioria do enfoque ESG seja no clima, há a comprovação por dados que dizem que o setor de investimentos não está apresentando tanta diferença.
Em 2022, os níveis de emissão de gás carbônico aumentaram drasticamente, chegando ao “nível mais alto da história”, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Do outro lado, a área de ESG chegou a US$ 40 trilhões, como informa a Bloomberg Intelligence.
O diretor de engajamento corporativo da ShareAction, Simon Rawson, informou que muitas vezes a relação entre gestores de ativos e instituições que obtêm participação fica cômoda. “Se eles vão ser gestores robustos e desafiar as empresas, eles também precisam ser capazes de ter conversas corajosas. E, honestamente, na maioria das vezes eles não estão preparados para comprometer o relacionamento que têm com a empresa”, destaca.
Já Reali afirma que tenta deixar um caminho mais facilitado para os clientes para verificarem se as ações ESG estão sendo seguidas. Obter metas de emissão zero até 2050, de acordo com ele, “é inútil sem metas provisórias e relatórios de progresso”. Ele reforça que “os sistemas têm que ser construídos agora. Acho que as pessoas estão realmente subestimando o desafio que estamos enfrentando aqui.”
Para a chefe global de investimentos ESG da Aviva, Mirza Baig “é difícil argumentar que, como setor, fizemos o suficiente. Em muitas áreas, ainda estamos operando como de costume, enquanto apostamos em iniciativas de energia renovável e eficiência energética”.
Ele reforça que “o problema é que os níveis absolutos de emissões continuam aumentando. Esta estratégia de continuar a investir somas substanciais em petróleo e gás, mas depois compensar isso com soluções de baixo carbono, nos afastará ainda mais de uma matriz energética alinhada com o acordo de Paris no futuro.”
Fonte: Valor Econômico