Divulgada no dia 17 de novembro pela Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Comissão da União Africana, a Avaliação Integrada da Poluição do Ar e Mudanças Climáticas para o Desenvolvimento Sustentável na África mostrou que os governos dos africanos pode evitar 200 mil mortes prematuras por ano até 2030 e 880 mil mortes por ano até 2063 se adotarem medidas para reduzir a poluição do ar e prevenir as mudanças climáticas.
O desenvolvimento do relatório foi realizado por uma equipe pan-africana de pesquisadores com contribuições de cientistas e especialistas internacionais, coordenados pelo parceiro do CCAC Stockholm Environment Institute (SEI). As recomendações do relatório estão estreitamente alinhadas com as principais prioridades da Agenda 2063 e com os objetivos e metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Uma das maiores ameaças ambientais à saúde humana, a poluição do ar é responsável por aproximadamente 7 milhões de mortes a cada ano em todo o planeta. Geralmente, poluentes do ar e gases de efeito estufa compartilham as mesmas fontes e fatores, como o crescimento econômico impulsionado por combustíveis fósseis.
Simultaneamente, alguns poluentes contribuem de maneira direta para ambos os impactos, incluindo metano e carbono negra. A África, em especial, é vulnerável às mudanças climáticas e evitar as emissões de poluentes climáticos de curta duração, como o metano e carbono negro, colabora tanto para salvar vidas quanto para proteger o meio ambiente.
O Secretário de Gabinete para Meio Ambiente e Florestas do Governo do Quênia, Soipan Tuya, disse que “a poluição do ar e as mudanças climáticas são uma dupla mortal e devem ser enfrentadas juntas”.
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A avaliação aponta um caminho sustentável a seguir, apesar dos enormes aumentos na atividade econômica, urbanização e população que acompanharão o desenvolvimento. Os autores recomendam 37 medidas que são econômicas e comprovadas em cinco áreas principais, conforme abaixo.
- Transição para cozinha limpa sustentável e eletrodomésticos eficientes para refrigeração e ar condicionado no setor residencial;
- Reduzir as emissões de metano da agricultura com melhores práticas de gado e estrume, reduzindo as perdas de colheitas e o desperdício de alimentos e promovendo dietas saudáveis;
- Mudança para veículos mais limpos e para transporte público seguro e acessível, bem como ciclismo e caminhada seguros;
- Mudança para energia renovável e aumento da eficiência energética, capturando metano de petróleo, gás e carvão e reduzindo drasticamente outras emissões de GEE e SLCP;
- – Desenvolver melhores sistemas de gerenciamento de resíduos, gerando menos resíduos orgânicos e reduzindo a queima a céu aberto;
- Reduzir as emissões de metano da agricultura com melhores práticas de gado e estrume, reduzindo as perdas de colheitas e o desperdício de alimentos e promovendo dietas saudáveis.
Embora as nações africanas sejam responsáveis por uma pequena fração das emissões globais de gases de efeito estufa, sofrem um grande impacto desproporcional dos efeitos climáticos negativos.
Vale salientar que o estudo mostra que os países fora da África devem reduzir radicalmente suas próprias emissões para limitar o aquecimento a 1,5°C, ajudar a África a evitar os piores efeitos das mudanças climáticas e reduzir o custo de adaptação.
“Esta avaliação chega em um momento oportuno, pois a COP27 está focada na implementação”, disse Måns Nilsson, Diretor Executivo do Stockholm Environment Institute (SEI).
Ainda, ele acrescenta que “através deste relatório, os governos africanos, o setor privado, organizações não-governamentais e comunidades locais agora têm evidências científicas sobre diferentes opções de ação que podem permitir que o continente atinja seus objetivos de desenvolvimento enquanto mitiga a poluição e as emissões de GEE”.
Números expressivos
Caso as medidas recomendadas pelo estudo sejam adotadas, os governos africanos serão capazes de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 55%, as emissões de metano em 74% e as emissões de óxido nitroso em 40% até 2063; melhorar a segurança alimentar reduzindo a desertificação e aumentando a produção de arroz, milho, soja e trigo; e contribuir significativamente para os esforços globais para manter o aquecimento abaixo de 1,5°C, limitando os efeitos negativos da mudança climática regional.
“A poluição do ar é uma emergência climática e de saúde, na África e em todo o mundo. Ao reduzir os poluentes climáticos de curta duração, podemos retardar os piores efeitos das mudanças climáticas no curto prazo, protegendo as vidas humanas. Devemos nos unir para trabalhar com as nações africanas para reduzir as emissões de poluentes climáticos de curta duração e eliminar a poluição do ar o máximo possível nesta década”, disse Inger Andersen, diretora-executiva do Pnuma.
Fonte: Valor