A empresa subsidiária da companhia norte-americana AES Corporation, a AES Brasil, atua no Brasil há cerca de 20 anos, oferecendo uma série de produtos e agindo diretamente na produção eólica, solar e hidrelétrica. De acordo com o CEO da instituição, Rogério Jorge, “as emissões para a geração de energia são um dos maiores desafios globalmente. Então os clientes têm esse compromisso de reduzir as emissões na cadeia produtiva e isso precisa passar por energia. Os investidores também estão muito interessados em promover o desenvolvimento das renováveis.”
Em entrevista para o Rodrigo Caetano, para o podcast do jornal EXAME, ESG de A a Z, Jorge revelou as possíveis saídas que levaram ao crescimento da energia renovável no país e no mundo, levando em consideração os tópicos destacados na Conferência do Clima (COP28).
Uma das questões reveladas pelo documento divulgado após a COP28 está relacionada ao objetivo de triplicar a geração de energia renovável. Segundo Jorge, “acho que esse compromisso de triplicar o desenvolvimento da implantação de energias renováveis começa a partir do momento que aumenta a velocidade de desenvolvimento e crescimento de novos empreendimentos.”
As iniciativas, conforme destacou Jorge, estão relacionadas ao posicionamento global que quer reduzir o aquecimento global demarcando em 1,5ºC, ao contrário do movimento de flexibilização para 2ºC. O CEO ainda destaca a relevância do “aumento do metabolismo da implementação”.
Esse acréscimo contribuiria para que os objetivos fossem alcançados tendo em vistas as dificuldades que impactam no desenvolvimento, a exemplo de uma cadeia produtiva diversificada (que funcionam commodities internacionais) e em relação aos investimentos. Outros desafios são a linha de transmissão e a conexão.
Aproximadamente 70% do consumo de energia renovável do país, por exemplo, se encontra no Sudeste. Outros 70% das renováveis tem como local de produção principal o Nordeste. O processo para realizar esse trâmite energético, portanto, é custoso.
Os estágios da evolução da energia renovável
É preciso atravessar algumas etapas para inserir a energia renovável, no entanto, é um processo que está sendo mais fácil quando comparado com outros processos de produção energética. Para o CEO, “o governo prepara o plano decenal de expansão do sistema, onde ele prevê como o consumo vai subir, ou seja, como esse consumo vai ser atendido e que estrutura precisa ser construída para que o país tenha essa geração? Por isso, existem os leilões de transmissão, antes levaria de 5 a 10 anos para fazer um projeto de uma hidrelétrica de grande porte. Já os projetos solares eólicos, demoram cerca de 1 ano e meio a 3 para serem desenvolvidos a partir do início da construção.”
Além de passar pelo licenciamento é preciso se atentar às contrapartidas ambientais e sociais. “Do ponto de vista ambiental, existe toda a parte de licenciamento dos projetos e levantamento de toda a parte arqueológica e de impacto na comunidade local, na flora, fauna e nos rios. Já considerando as comunidades, a mesma coisa, você vai avaliar o impacto não só da comunidade local que aquele projeto tem, mas de todo mundo que pode ser afetado ao longo do tempo”, revela Jorge.
O CEO ainda completa destacando que “ Se vai passar, carreta, caminhão ou linhas de transmissão, se vai passar por área de preservação, existe uma interação grande para poder adequar as rodovias, poder negociar com as prefeituras locais e com as próprias comunidades. A operação conta com vários órgãos reguladores e governamentais das esferas municipal, estadual e federal, interagindo bastante com o pessoal do legislativo, executivo e, algumas vezes, com o judiciário”.
Um dos grandes pontos da matriz renovável é a dificuldade em deixá-la barata, confiável e limpa. Ter apenas dois pontos garantidos é algo mais fácil do que ter todos os três. Alinhar acessibilidade e o financeiro durante a geração de energia é uma das metas do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas). “Esse é o desafio, equilibrar os interesses e dar subsídios para o desenvolvimento”, revela Rogério Jorge.
Atuação da empresa no setor de energia renovável
A empresa AES Brasil atualmente se empenha em trabalhar com o tema custo benefício para a população e atua com uma série de projetos. Durante os anos de 2005, 2006, 2008 e 2009 teve seu destaque no setor de Energia do prêmio MELHORES E MAIORES, da EXAME.
Uma das criações está ligada com o datacenter no Rio Grande do Norte utilizada para alimentar a produção da Microsoft, em uma das áreas que podem ser mais eletrointensivas. Na visão de Jorge, o processo de eletrificação é uma saída para descarbonização da produção.
“Há 5 anos atrás, nós éramos integralmente hidrelétricos. Nós tínhamos 2,5 GB de capacidade e, hoje, nós temos 5.2 de capacidade total, ou seja, nós mais do que dobramos o tamanho da companhia em 5 anos pela expansão das [fontes] renováveis, que nós chamamos de não convencionais”, revela Rogério.
A evolução da empresa ocorreu devido a construção de parques e pela obtenção de outros parques, que já existiam, a exemplo das 10 usinas presentes em São Paulo e alguns parques solares. Ainda compraram parques no Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Por fim, Rogério Jorge pontua que a “diversificação te ajuda a ter competitividade, porque o fato de você ter fontes diferentes em estados diferentes, onde um gera energia de dia, o outro gera de noite, um pode gerar mais no verão e outro no inverno. Essa complementaridade te ajuda a ser mais competitivo, porque o cliente quando consome, por exemplo, a Microsoft ou a Unipar, que é uma cliente nossa produtora, produzem 24 por 7. Precisamos entregar energia de forma eficiente e com menos riscos, sem depender tanto das variáveis como sol e ventos.”
Fonte: EXAME
Autor: Fernanda Bastos