A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) está lançando um guia de melhores práticas para colaborar com as instituições financeiras de pequeno e médio porte a avançarem na adoção de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança,em português). O guia foi elaborado em parceria com a consultoria Resultante,especializada no tema. A área é uma das principais frentes de trabalho de Silvia Scorsato, que agora completa um ano à frente da organização.
Scorsato conta que “esse guia é fruto de um trabalho extenso e participativo entre nossas associadas. Primeiro fizemos um levantamento com elas, que nos permitiu ver as maiores oportunidades e desafios, e na sequência devolvemos um retorno, mostrando como elas estão em relação aos pares. Agora, com o guia, vamos ajudar ainda mais nessa jornada ESG, inclusive a montar uma matriz de materialidade, para analisar o que é mais importante para aquelas instituições especificamente”.
Embora a pesquisa tenha apresentado que 89% das instituições declararam ter, já concluído ou em progresso, um plano de ação para implantar práticas de sustentabilidade, algumas associadas encontram dificuldades até mesmo para se manterem atualizadas com a estrutura regulatória.
“A partir de 2023, de acordo com as novas regras do Banco Central, os bancos terão de fazer um relatório anual de sustentabilidade, então acreditamos que esse guia será muito útil.”
A ABBC considera, depois do guia, criar uma autorregulação, tomando como exemplo a iniciativa bem sucedida realizada em parceria com a Febraban para o crédito consignado. “Antes faltava conhecimento da realidade dos associados, amadurecimento, e a gente não queria pular etapas. Estamos finalizando nosso planejamento estratégico para 2022-2024 e não descartamos a possibilidade da autorregulação”.
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A Associação tem adotado uma série de medidas ESG. Realizou a criação de dois fóruns para debates de iniciativas de responsabilidade social no mercado financeiro: o Comitê S e a Comissão S. Outro ponto é incentivar a participação feminina em posições de liderança no mercado financeiro.
Além disso, a entendida tem viabilizado seminários e palestras sobre o tema e também um curso, em parceria com a plataforma Fin4She. “Estou no mercado financeiro há quase 30 anos e falta essa questão da liderança feminina”, reconhece Scorsato. Advogada, ela é diretora de questões ESG no Banco Sofisa.
A executiva vem fazendo alterações desde que assumiu, como por exemplo, a estrutura de governança. Também estabeleceu uma diretoria de inovação, comandada por Euricion Murari, e outra institucional, a cargo de Camila Barardo. Ainda, a ABBC criou um hub de serviços para baixar custos aos associados e aumentar a competitividade, onde é possível contratar Provedores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI); representação junto à Câmara de Compensação do Banco do Brasil; soluções para o Pix, em parceria com a JD Consultores; prevenção a fraudes, junto ao grupo Resolve Risk; e quatro provedores de soluções de “open banking”: Finansystech, Axway, FCamara e GFT.
Scorsato comenta sobre o open banking dizendo que os bancos de pequeno e médio porte, mesmo que ainda não sejam obrigados a aderir, estão prontos para o novo ambiente. “Nossos associados estão preparados para cumprir as etapas, mas ainda é um desafio, é um trabalho grande a ser feito”.
Fonte: Valor Econômico