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Ambipar destaca dificuldade em usar ciência para criação de produtos do lixo na economia circular

Ambipar destaca dificuldade em usar ciência para criação de produtos do lixo na economia circular
82 milhões de toneladas de resíduos foram gerados em 2022 e 4% destes foram reciclados com a chance de voltarem para a cadeia de produção.

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Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) destacou que 82 milhões de toneladas de resíduos foram gerados em 2022, no Brasil. Apenas 4% destes foram reciclados, o que evidencia a falta de conscientização sobre a possibilidades destes produtos voltarem para a cadeia de produção. É o que revela a economia circular, um modelo de produção que tem avançado no ambiente corporativo brasileiro.

Conforme revelou Rafael Tello, diretor de sustentabilidade do Grupo Ambipar, “essa ideia de regenerar a natureza vai além do preservar e do conservar. É realmente potencializar as partes positivas”. Dessa forma, é possível reforçar que a economia circular vai além do processo de reciclagem. 

O Grupo Ambipar é conhecido por ser uma instituição de serviços ambientais que se preocupa com a valorização dos resíduos descartados e com o processo de transformá-los em produtos novamente. Com esse trabalho realizado pela empresa foi possível evitar o direcionamento a aterros de uma quantidade de lixo que seria gerada por uma cidade igual a Brasília, conforme revelou o Censo de 2022 do IBGE. 

Para Tello, “o regenerar está agregado ao nosso objetivo de longo prazo porque nós somos uma empresa que tem uma preocupação muito grande com o desenvolvimento de tecnologia e de inovação”. Sendo assim, a economia circular depende da geração de matéria prima vinda do lixo, um desafio a ser realizado pela indústria. 

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A instituição ainda possui, como meta para 2030, a de ser uma liderança na mudança para a economia de baixo carbono e circular. A empresa conta com um laboratório em Nova Odessa, interior de São Paulo, e está presente no local há mais de 12 anos. Com esse laboratório ela consegue visualizar as demandas da indústria, visualizar iniciativas e incluí-las na operação. 

O laboratório segue a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que oferece medidas sobre gestão de resíduos no país, como a reciclagem, a coleta seletiva e o reaproveitamento. Cerca de 10 profissionais trabalham no laboratório da empresa. 

A Ambipar, visualizando o que diz a lei aprovada em 2010, criou um campo de economia circular onde se volta para seis materiais específicos: borracha, metal, papel, plástico, papelão e vidro. A lei define diversas obrigações às empresas em relação ao lixo que produzem. 

Gerando dinheiro a partir do lixo

O laboratório é responsável pelo projeto Ecosolo, uma espécie de adubo orgânico criado por meio de resíduos das empresas farmacêuticas e papel e celulose. Foi necessário obter ajuda da Klabin para desenvolver o material que ajuda na fixação de carbono do solo.

Para Tello, “é um material que ajuda o solo a manter umidade, além de melhorar a biodiversidade. Inclusive, estamos estudando a possibilidade de promover uma maior captura de carbono pelas raízes das plantas, podendo também contribuir com a questão das mudanças climáticas.O que era resíduo da indústria, foi transformado em produto.”

O material tem certificação IBD, instituição que avalia e audita produtos orgânicos na América do Sul. 

Outro produto gerado pela Ambipar são as bio cápsulas, desta vez voltadas para a agricultura. Com elas é possível aumentar as possibilidades de germinação das sementes que são dadas por uma cooperativa indígena, a Caik. O laboratório também possui parcerias com outras instituições, como Scania e Dow. 

Apenas entre 2021 e 2022 a Ambipar já obteve um aumento de 18% no país. Hoje está focada em um novo projeto voltado para a reciclagem de vidro, a partir do reaproveitamento de garrafas que podem voltar para o mercado e ser utilizada até 20 vezes após passar por um processo de esterilização. 

Também estuda o reaproveitamento de cacos de vidros obtidos da indústria de construção civil e alimentícia. O processo de reaproveitamento possibilita que os cacos sejam processados e realocados na cadeia como matéria prima, para que sejam criadas outras garrafas.

Cerca de 10 milhões de garrafas de vidro e 5 mil toneladas de caco foram recolhidos em apenas um mês, em São Paulo, no ano de 2022. 

Fonte: Exame

Autor (a): Fernanda Bastos