Um dos pontos principais da sustentabilidade corporativa é atuar com transparência. Parametrizar os indicadores e as informações sobre o ESG (Em português Ambiental, Social e Governança Corporativa) é relevante para as instituições progredirem no assunto e se estruturarem para divulgar o que está sendo feito. Pensando na ampla conversa sobre os padrões de contabilidade voltadas para ESG que tem acontecido atualmente, as empresas devem ser pressionadas para incluir e expor medidas e estratégias socioambientais.
A IFRS Foundation, conhecida por ser uma organização ditadora de normas para o compartilhamento de demonstrações financeiras, citou no dia 16 de fevereiro de 2022 a sua intenção de expor os esboços do IFRS ESG, um documento que contará com as principais informações sobre possibilidades e riscos em relação a sustentabilidade de empresas. Esse documento só será levantado caso haja 8 participantes dos 14 membros do conselho International Sustainability Standards Board (ISSB), escolhidos durante a COP26 em Glasglow. Eles são encarregados de decidir sobre o assunto e até o momento, apenas dois nomes foram anunciados, o do presidente e do vice do conselho. A previsão é que tenham todos os nomes até setembro.
De acordo com IFRS Foundation, “há uma forte demanda das partes interessadas para que o ISSB publique os requisitos finais em tempo hábil com base no protótipo sobre clima e nos requisitos gerais de divulgação de sustentabilidade também publicados na COP26, sujeito ao processo adequado”.
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Esse pedido de urgência ocorre pela necessidade da fundação em ter uma parametrização dos dados ESG. Tudo isso é visto de forma positiva pelo sócio líder de Governança da KPMG no Brasil e membro do Ibracon (Instituto de Auditoria Independente do Brasil, Sebastian Yoshizato Soares. Segundo Sebastian, as normas tendem a aumentar a pressão das empresas de grande, médio e pequeno porte, e as exportadoras, em se atentar às suas práticas.
Para Soares, “É um ledo engano achar que os aspectos ESG só recaem sobre as grandes corporações. Cada vez mais as grandes organizações vão fazer pressão em toda a sua cadeia de suprimentos para que fornecedores também meçam e reportem essas informações. Elas vão querer saber qual o nível de aderência ESG para continuar a trabalhar com aquele fornecedor. Vai ser em graus de impacto diferentes, mas essa exigência vai atingir a todas as empresas”.
Atualmente já é possível verificar que algumas instituições já rastreiam práticas de sua cadeia, a exemplo das do setor de papel e celulose, assim como exportadoras que percebem a existência de barreiras no acesso para quem não pratica a sustentabilidade. A ideia é que sejam cobradas com mais frequência para passarem essas atualizações, algo que só acontece recentemente com as empresas que atuam no sistema financeiro nacional ou as de capital aberto.
O Banco Central estabeleceu, no ano passado, novas normas referentes aos riscos ambientais, de clima e sociais para as empresas financeiras. Uma delas está relacionada à organização e disseminação de informações sobre riscos e possibilidades referentes a ESG. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou uma nova instrução (CVM 480) referente ao que necessita ser incluído no formulário de referência de instituições de capital aberto, pedindo assim, mais informações sobre as ações ESG realizadas dentro e fora da empresa.
Fonte: Valor Econômico
Autor: Naiara Bertão