McDonald’s busca certificar que carne é livre de desmatamento; entenda

McDonald’s busca certificar que carne é livre de desmatamento; entenda
A Arcos Dorados, que organiza o McDonald’s em 20 países da América Latina e Caribe, que se certificar que a carne é livre de desmatamento.

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Uma política interna, aplicada pela franquia que organiza o McDonald’s em 20 países da América Latina e Caribe, a Arcos Dorados, busca rastrear a carne produzida desde 2018. A ação visava entender e certificar que as proteínas dos lanches da empresa fossem livres de desmatamento, passo importante para que a instituição conseguisse se alinhar à agenda ESG (ambiental, social e governança) e fosse reconhecida por este título. 

De acordo com os dados levantados, a instituição teve 99,92% dos fornecedores adequados com esta política, nomeada de Política de Abastecimento de Carne Livre de Desmatamento.

Para Marie Tarrisse, gerente senior de impacto social e desenvolvimento sustentável da Arcos Dorados, “este é um trabalho complexo e de acompanhamento constante. A meta é estar com mais de 99% dos fornecedores em conformidade. O que não significa que os demais não estão, mas sim que há um residual que pode ter um tempo maior da análise da informação.”

Tarrisse ainda pontua que assim que uma irregularidade é avistada é preciso que o fornecedor demonstre que o trabalho está sendo realizado corretamente. “Não excluímos o fornecedor de imediato, buscamos fazer a reintegração daquele que, muitas vezes, não está com um documento atualizado ou falta realizar um treinamento. A irregularidade pode não ser o desmatamento em si”, reforça.

Acompanhamento do desmatamento

A ação do Arcos Dorados é uma espécie de checagem interna que pode ultrapassar as ações que cada frigorífico possui. Com a política a empresa se considera a única a realizar o acompanhamento por meio de satélites de fazendas que fornecem as carnes. Através da checagem foi possível monitorar no Brasil, em 2022, 9,6 milhões de hectares que foram repartidos em 8 mil fazendas e 5,6 milhões de animais. 

Para chegar ao resultado é preciso contar com a ajuda da plataforma Agrotools que checa dados públicos das fazendas e informam sobre o trabalho realizado, o uso da terra e mais. O trabalho é feito através de geolocalização.

Marie destaca ainda que “a partir dos dados realizamos uma reunião mensal com o time de qualidade, de compras e de sustentabilidade. A compra acontece todos dias e as fazendas e fornecedores mudam. Assim, assumimos esse controle para além do que o frigorífico monitora para garantir que não há nenhum tipo de desmatamento, uso de terra de povos originários e outras irregularidades.”

Na visão do diretor de produto da Agrotools, Breno Félix,  “a busca incessante pela padronização de processos e por excelência nos resultados nos estimulam no caminho da melhoria contínua. Essa parceria fortalece o olhar responsável do negócio e contribui para um ambiente de cooperação e progresso sustentável.”

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Com a ação em conjunto com o Arcos Dorados foi possível aprender com a abordagem colaborativa e mais próxima dos fornecedores de matéria prima. Tanto a Política de Abastecimento de Carne Livre de Desmatamento como a checagem são ações que entram na estratégia ESG da Arcos Dorados.

A intenção maior é conseguir retirar o desmatamento da cadeia de abastecimento até o ano de 2030. A ONG Internacional Proforest tem prestado apoio à empresa. Atualmente a organização trabalha para garantir a preservação do meio ambiente e comparece em grupos de debates sobre o assunto, a exemplo da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável do Brasil.

É importante destacar o impacto que o setor agropecuário tem no meio ambiente sendo hoje uma dos que mais provocam gases do efeito estufa. Para a gerente senior, “no ano passado emitimos o Sustainability Linked Bond (SLB), que associa um instrumento financeiro aos objetivos ambientais”. Os dados reforçam a necessidade de checar também os índices de emissão. 

O SLB se uniu a outra meta que a empresa tem de diminuir as emissões de GEE em cerca de 36% (operação própria) e 31% (fornecimento) até o ano de 2030. Para checar os resultados serão usados dados absolutos de 2021 como parâmetro.

Marie finaliza pontuando que “o animal vive em média três anos antes de ir para o abate. Isto significa que, quando falamos de escopo 3 (relacionado aos fornecedores) precisamos de um esforço agora para alcançar a meta do médio prazo. Estamos trabalhando em projetos de mudança de pastagem e alimentação bovina para diminuir as emissões”.

Fonte: EXAME

Autor(a): Marina Filippe