Os relatórios de sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG) se tornaram quase como disciplina, com a maioria das empresas de capital aberto emitindo relatórios de sustentabilidade atualmente. Como garantir, contudo, que estes relatórios atendam às necessidades dos mais diversos stakeholders?
Nove entre dez empresas do S&P 500 emitiram relatórios durante a temporada de relatórios de 2021. Isso equivale a um aumento de 75% em relação ao ano anterior, entregando uma mensagem clara de que o famoso trem para os relatórios ESG deixou a estação.
Além disso, há agora uma ênfase inegavelmente intensa em ESG e sustentabilidade corporativa por fiduciários, proprietários de ativos e gestores de ativos. Sem contar os próprios colaboradores e consumidores ESG, que exigem mais transparência em relação aos dados.
Inspirados pela ascensão global dos relatórios que vão além dos resultados financeiros, a LBCA destaca as 7 perguntas que as organizações devem fazer às suas equipes de gestão na hora de formular e divulgar o material. Confira:
1. DEFINIMOS METAS E OBJETIVOS DE SUSTENTABILIDADE ATRATIVOS?
Os diretores devem compreender como as iniciativas de ESG da organização se comparam às dos concorrentes. O ESG deve ser integrado à estratégia corporativa geral, em vez de ser apenas uma reflexão tardia, tornando-o equivalente a uma atividade de conformidade.
2. QUAL HISTÓRIA ESTAMOS CONTANDO?
Os diretores devem questionar se o enredo de ESG da organização está ressoando no mercado e impactando a avaliação da empresa. Eles devem compreender como a mensagem da empresa se compara a de seus pares, líderes do setor e principais concorrentes.
A organização deve articular como as iniciativas de ESG fazem a diferença na execução da estratégia e identificar as áreas que constituem uma maior oportunidade de criação de valor.
3. PODEMOS INTEGRAR OS RELATÓRIOS DE ESG AOS RELATÓRIOS FINANCEIROS?
Os investimentos e as iniciativas de ESG permitem estratégias-chave, criam novas fontes de receita e alcançam eficiência operacional, o que afeta os retornos financeiros presentes e futuros.
Portanto, pode ser mais significativo para os investidores integrar os relatórios de ESG aos relatórios financeiros, conferências trimestrais com investidores e roadshows para investidores consistentes com a convergência do interesse dos investidores no desempenho financeiro e de ESG. Tal alinhamento pode resultar em redução de tempo e de custos.
4. QUAL ESTRUTURA DE RELATÓRIO ESTAMOS USANDO E POR QUÊ?
Com a proliferação de padrões no mercado e várias estruturas sendo reproduzidas, os relatórios em várias estruturas oficiais podem ser necessários para atender às necessidades dos stakeholders de métricas comuns do setor para comparar e contrastar o desempenho.
Até que uma estrutura universal seja adotada, esta prática de relatório pode ser esperada. O uso de uma estrutura estabelecida, como o SASB ou GRI, é uma forma eficaz de evitar o “greenwashing” ou exagerar os esforços de ESG.
5. QUAIS RESPONSABILIDADES DEFINIMOS PARA O DESEMPENHO RELACIONADO AO ESG?
O desempenho ESG deve ser integrado ao monitoramento do desempenho financeiro e operacional; caso contrário, pode se tornar um apêndice e receber menos atenção da alta administração.
As expectativas e as métricas de desempenho devem estar vinculadas a planos de compensação de incentivos para impulsionar o progresso e estabelecer a responsabilidade pelos resultados. O patrocínio executivo das iniciativas de ESG é um imperativo.
6. QUAIS SÃO OS NOSSOS RISCOS RELATIVOS A ESG E QUÃO BEM OS ESTAMOS GERENCIANDO?
Os objetivos e atividades de ESG apresentam riscos e oportunidades novos e exclusivos que devem ser considerados via as lentes de gerenciamento de riscos corporativos da organização.
Vale ressaltar que há orientações sobre como fazer isso. Os riscos relacionados a ESG devem ser incorporados às divulgações públicas de riscos (por exemplo, a divulgação dos fatores de risco).
7. O QUE FIZEMOS PARA GARANTIR QUE NOSSAS DIVULGAÇÕES RELACIONADAS AO ESG SEJAM CONFIÁVEIS?
Os diretores devem avaliar a confiança da administração de que os controles e procedimentos de divulgação da empresa são eficazes no que se refere às métricas e relatórios de ESG.
Esta pode ser uma oportunidade para que a função de auditoria interna inclua aspectos importantes dos relatórios de ESG da empresa no plano de auditoria, a fim de fornecer garantia à administração e ao conselho quanto à apresentação justa dos dados subjacentes. Uma consultoria ESG especializada, neste sentido, torna-se fundamental.
Autora: Patricia Blumberg – Diretora de ESG do escritório Lee, Brock, Camargo Advogados