Um selo de diversidade pode ser oferecido às instituições que atuam com, ao menos, duas mulheres dentro do conselho de administração. Nomeado de Women On Board (WOB), já foi entregue a 100 empresas, algumas delas sendo: Estapar, Banco do Brasil, Raízen e Ambev.
Instaurado em 2019 por sete mulheres, a ação tem o apoio da ONU Mulheres, uma entidade das Nações Unidas. A centésima empresa a obter o selo foi a Santo Antônio Energia.
Segundo a diretora de assuntos regulatórios e institucionais no Grupo UOL, Carol Elizabeth Conway ,”estamos felizes, não pelo movimento em si, mas por saber que, hoje, temos um número maior de companhias que contam com mulheres em seus conselhos”.
A diretora destacou que a iniciativa tem uma “meta fatalista” buscando chegar ao momento em que não seja necessário reconhecer as empresas com selos pela atuação das mulheres.
Conway revela que “temos uma meta de autodestruição do projeto, de não precisar mais de um selo para incentivar a presença de mulheres nesses locais, quando a equidade for alcançada.”
Conselheira 101 e as mulheres negras
O Manifesto WOB divulgado em conjunto com o programa de incentivo para mulheres negras, Conselheira 101, revelou que “o ano é 2023 e este é o percentual de mulheres negras em conselhos e administração de empresas abertas brasileiras, segundo estudo da ACI Institute, da KPMG. Traço. Não é 1%. Não é 2%. Não é 3%. É traço.”
O dado revela a diferença da participação de mulheres brancas e negras nos conselhos.
Com aproximadamente 400 instituições presentes na Bolsa de Valores (B3) a WOB decidiu auxiliar o projeto Conselheira 101 para ajudar em relação ao movimento das mulheres negras em posições de gerência e na atuação em conselhos.
Conway pontua que “se cada empresa dessa lista tivesse uma mulher negra, imagina o impacto disso. Será que não tem mulheres negras para ocupar esses espaços mesmo? Podemos questionar a mesma coisa com outros grupos minorizados.”
Com a cooperação entre as duas, 67 conselheiras mulheres já se formaram.
Importância da diversidade
A intenção do selo é incentivar outras empresas do mercado a tratarem a diversidade com a devida importância que merece, entendendo como ela é relevante para os negócios.
Um estudo da consultoria Mckinsey, The future of women at work, verificou 700 instituições de capital aberto em seis países diferentes e revelou que a com a igualdade de gênero no ambiente público, social e privado pode aderir cerca de US$ 12 trilhões no PIB Global até 2025.
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Esse mesmo relatório destaca que os conselhos mais diversos têm um retorno financeiro 15% mais alto. Por exemplo, cores são formadas por contraste, se você tem um ambiente que só tem uma cor, é heterogêneo, você não vai ter mais ideias diversas. É preciso ter coragem para aplicar o que já é provado: diversidade importa, é produtiva e gera ganhos para todos”, revela Conway.
Ela ainda afirma existir dois conselhos: aqueles que seguem as ideias do passado e aqueles que buscam evoluir. A transformação é trabalhosa, mas para a diretora, é uma mudança que pode ser positiva no sentido empresarial, do olhar dos stakeholders e da percepção dos consumidores. “Esse é o modelo do futuro”, reforça.
Garantindo o selo WOB
A garantia do certificado para as instituições, de acordo com Conway, é facilitado. É possível se inscrever e passar pelas cinco etapas:
- Preenchimento de formulário;
- Emissão de documentos que provem a participação das mulheres;
- Checagem e resposta da entidade;
- Assinatura do Termo de Adesão;
- Pagamento de taxa;
- Programação da cerimônia de certificação;
- Obtenção do selo WOB.
Conway reforçou que “o questionamento inicial foi ‘como podemos ser bem objetivos e criar um ativo tangível no mercado para que a empresa fique bastante identificada por esse selo e que, também, seja simples para possamos conduzir o processo de maneira agilizada “
Além disso, concluiu que “a participação das profissionais mulheres no conselho não pode ser no cargo de suplente, elas devem ocupar cadeiras efetivas. E as empresas que recebem o selo se comprometem também a manter pelo menos duas mulheres ou nos avisar caso ela perca essas profissionais para que haja um monitoramento ou uma substituição daquela profissional por uma nova em, no máximo, seis meses.”
Fonte: Exame
Autor(a): Fernanda Bastos