A agenda ESG (ações ambientais, sociais e governança) é utilizada como parâmetro para investimentos e foi citada com frequência no primeiro semestre do ano. Com a possibilidade de recessão, as eleições de meio de mandato nos EUA, e o mercado de ações em redução deixaram o tópico sustentabilidade para trás.
O que acontece é que o crescimento de investimentos em fundos ESG cessou completamente no período da pandemia, conforme explica Refinitiv a imprensa. Setembro de 2022 foi o único mês onde os fundos ESG atingiram uma saída de caixa de investidores mais alta desde a chegada da pandemia mundial em março de 2020.
Os fundos ESG e de investimento responsável presenciarem os ativos sob gestão chegarem a um valor de US$ 8,5 trilhões em 2021. Esse valor está agora abaixo de US$ 7 trilhões segundo as informações da empresa Refinitiv Lipper.
O universo ESG tem se desgastado a partir de debates em relação ao mérito do investimento sustentável. Esse fato aliado com a questão econômica sombria deixam o cenário de fundos ESG menos atraentes.
Nesse cenário alguns políticos estadunidenses e gestores de empresas encontraram motivos para acreditar que as empresas estavam realizando greenwashing para que fossem vistos como mais sustentáveis do que realmente são. Algumas instituições, como a gestora de ativos DWS e a Goldman Sachs, foram algumas destas.
Além disso, a avaliação ESG foi vista como golpe pelo Elon Musk após sua empresa Tesla não ter sido inserida no Índice S&P ESG. Já a empresa Exxon, que não possui uma boa reputação para o assunto, se manteve no ranking.
Esse acontecimento se dá por conta das agências de classificação ESG analisarem as empresas visualizando outras do mesmo setor. No entanto, as instituições de petróleo e gás são analisadas separadamente das instituições automotivas.
Junto com isso há ainda o aumento do movimento da direita dos EUA que incentiva o destrinchamento de firmas de gestão de ativos que trazem investimentos às empresas que atuam conforme a agenda ESG.
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As autoridades que seguem sendo a favor do Partido Republicano foram contra os valores propostos pela ESG e que estes fundos promovem. Certos estados liderados por republicanos informaram que irão retirar as empresas voltadas a ESG, como é o caso da BlackRock. Segundo o chefe da Lipper Research da Refinitiv, Robert Jenkins, a BlackRock deixou de receber mais de um bilhão de dólares por conta dessa alteração.
O tópico “regularização dos fundos ESG” também ajuda é bastante debatido. Espera-se que com a padronização dos critérios existirão menos problemas e confusões para os investidores. O processo para a chegada da regularização está acontecendo de maneira conturbada.
Cerca de mil regulamentações sobre ESG foram lançadas para a área de investimentos, segundo levantamento da Principles for Responsible Investment. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA pediu para que os fundos ESG colocassem no mínimo 80% de investimentos com base nos objetivos ESG dispostos, o que acaba sendo a forma correta, segundo Jenkins.
Um novo estudo da KPMG informou ainda que as instituições americanas estão reavendo suas ações e se preparando para uma recessão. Cerca de um terço dos CEOs dos EUA revelaram que repensaram as iniciativas ESG e 59% pensarão sobre os projetos voltados para a agenda em breve. Outros 70% perceberam que os investimentos na área melhoraram a situação financeira das empresas.
Dessa forma, é válidos ressaltar que a alteração climática deve custar US$ 2 trilhões anualmente até 2100, de acordo com levantamentos da Casa Branca. As empresas e governos precisarão agir para reduzir custos monetários e humanos. As problemáticas encontradas no investimento com ESG revelam que as palavras são mais fáceis do que as ações.
Fonte: CNN Brasil
Autor(a): Nicole Goodkind