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Fundos buscam a promoção de igualdade de gênero e obtém retorno acima do Ibovespa

Fundos buscam a promoção de igualdade de gênero e obtém retorno acima do Ibovespa
A diversidade na composição dos fundos pode ser interessante para o investidor que busca propósito além do lucro. Confira a matéria.

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Os fundos de investimentos de instituições com maior presença feminina nos postos de comando podem garantir bons resultados financeiros para os investidores, sendo eles de médio a longo prazo. O Fundo Warren Equals é um exemplo de fundo que pode vir a valorizar acima do Ibovespa. Ele pertence à gestora de recursos Warren Asset Management que nos últimos 12 meses recebeu um percentual de retorno do produto de 15,3% na medida que o Ibovespa apresentou um número bem menor, de 2,8%.

Outro fundo que apresenta o mesmo potencial é Exchange-Traded Fund (ETF) ELAS 11. O Índice “Teve Mulheres na Liderança” feito há dois anos atrás e replicado pelo ETF obteve um desempenho de 134%, o que comparado com o percentual do Ibovespa (129,7%) dá ao Teve Mulheres 4,3 pontos a mais.

Na visão da especialista em educação financeira e psicóloga Ana Paula Hornos, investir nesse tema é importante a longo prazo visto que estudos já demonstram a aptidão das mulheres na gestão de risco. Ela destaca que as “mulheres costumam ter um perfil de liderança mais participativo e inclusivo e possuem características de maior gestão de risco e conexão com assuntos ligados à sustentabilidade e longevidade, o que são indicadores importantes de retornos de longo prazo”.

Além do retorno financeiro positivo, os fundos dessa categoria dão ao investidor uma diversidade ao selecionar empresas de segmentos distintos. Para o ELAS 11, 71 ativos foram escolhidos para integrarem o índice. As ações da Petrobras (PETR3/PETR4) são as que compõem grande parte do ETF.

Entenda melhor sobre os investimentos existentes no mercado:

Fundo Warren Equals

Composto por 20 empresas nacionais e internacionais interessadas em políticas de igualdade de gênero. Recentemente 32% das companhias são do setor financeiro, como bancos. De acordo com o gestor de renda variável da Warren, Eduardo Grübler, a escolha dos ativos é feita conforme o “factor invest”.

Essa estratégia é feita com base na análise de alguns fatores selecionados utilizados para a filtragem dos ativos com os melhores retornos. Sobre o Fundo Warren Equals o filtro da seleção é dado com base na qualidade escolhendo companhias que possuam uma saúde financeira melhor quando comparando com as que seguem políticas de igualdade de gênero. Segundo Grübler, “são ativos de alta robustez financeira e operacional (qualidade), como fortes fluxos de caixa ou alta lucratividade”.

O fundo é capaz de fazer investimentos em instituições presentes nos mercados mais importantes, como o dos EUA e o da Europa. Ainda assim, não existem hoje ativos alocados em todos os mercados. Como ressalta Warren, “no momento, o fundo está alocado mais no Brasil porque o mercado brasileiro está mais atraente do que o norte-americano, europeu e asiático”.

Só no primeiro trimestre do ano passado ele deu um retorno de 2,3% e nos últimos 12 meses um acumulado de 15,35%.

ELAS 11

Como falado anteriormente, o Exchange-Traded Fun (ETF) ELAs 11 atua replicando o Índice Teva Mulheres na Liderança que faz o acompanhamento do desempenho de empresas focadas em políticas de gênero nos cargos de liderança. Os segmentos de destaque que o compõem são os de bebida alcoólica, bolsa de valores, extração de petróleo e instituições financeiras.

71 companhias de capital aberto integram o ETF. A seleção dessas companhias foi realizada com base na análise das tarefas de liderança de todas elas que têm capital aberto no país. Com base nesse estudo o fundador da Teva Indices, Solly Nissim Sayeg informa a possibilidade de entender a representação feminina nestas empresas.

Temos bonificações para as empresas que atingiram 50% dos cargos ocupados por mulheres e penalizações para as companhias sem nenhuma mulher no cargo ou para aquelas que reduziram o percentual”, reforça Sayeg.

O seu lançamento foi feito ainda neste ano, no entanto, o Índice Teve Mulheres já existe há aproximadamente dois anos. Foi possível identificar que, de seu início até aqui, ele obteve um retorno de 134%.

W-ESG

O foco desse fundo é investir em ativos internacionais. 63 empresas o compõem e estão focadas nas políticas de igualdade de gênero. Na visão de Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo, os ativos devem fazer parte inicialmente do Índice Internacional MSCI (Morgan Stanley Capital International, na sigla em inglês) conhecido pela escolha de empresas comprometidas com o assunto.

Além desse há também outros critérios: “as companhias também precisam ter pelo menos três mulheres no conselho de administração e possuir boas pontuações nas outras pautas de ESG (sustentabilidade, governança e social)”, destaca Knudsen.

Recentemente o fundo não tem tido uma performance boa apresentando um retorno negativo de 20,78% no primeiro trimestre de 2022, muito por conta da desvalorização do dólar. Para Knudsen, “o fundo investe em empresas em dólar. Então, quando o real se valoriza, o fundo sofre com perdas”.

Nos últimos 12 meses o resultado demonstra melhorias, no entanto, continuando no campo negativo de 5,5%.

Preocupações na hora de investir

Para o analista de investimentos da SVN, Pedro Tiezzi, há de se atentar quando houver a alocação dos recursos nos fundos temáticos já que eles possuem um tempo estipulado de término. É importante avaliar os motivos do investimento. “É importante sempre acompanhar se aquela tese que levou você a investir no fundo continua sendo uma tese “vencedora”. Caso contrário, é importante reciclar a carteira”, reforça.

Já para o analista da O2 Research, Mário Goulart, ficar por dentro do critério de escolha dos fundos também é de extrema importância. “É sempre importante que os investidores analisem as empresas que compõem os fundos porque todas companhias têm suas vantagens e desvantagens”, destaca.

Fundos focados na igualdade de gênero estão possuindo mais espaço no mercado financeiro uma vez que o debate sobre a falta de mulheres nos cargos mais altos fas empresas também avançou. Ainda assim, com base nos dados da Teve Índice somente 14,1% dos postos dos conselhos administrativos das empresas de capital aberto são formados por mulheres.

Fonte: Estadão